Atire a primeira apostila quem nunca ouviu um
universitário dizer: “vou fazer estágio na minha área pra aprender na prática”.
Com certeza você já ouviu isso não é mesmo? Mas já parou para pensar em como é
possível uma empresa estimular o aprendizado de um funcionário, ou mesmo o
contrário, como ela pode impedir que ele aprenda?
Comecemos pelo tradicional modelo da Ford,
suas exemplares linhas de montagem na época parecia um modelo a seguir. Porém, algumas
peculiaridades desse modelo se nota quando observamos resultado psíquico nos
funcionários em decorrência das atividades desenvolvidas por eles.
A forma verticalizada de poder impossibilitava
que seus funcionários sugerissem soluções para problemas ou mesmo melhorias na
linha de produção, como dito nos dias de hoje, “não eram pagos para pensar”.
Assim se limitavam a fazer a única atividade delegada a ele, tendo em vista que
cada um fazia sempre a mesma coisa, não gerava qualquer tipo de aprendizado para
os funcionários, afinal, nessa estruturação o indivíduo não sabe de que forma
as outras atividades estariam ligadas a ele, e de tão mecânicas as atividades
passaram a se tornar meros movimentos repetitivos, sem qualquer tipo de estímulo
sensorial.
Devido a um único objetivo (atingimento de
metas), não se faz necessário qualquer tipo de interação social, conviver com
outras pessoas é apenas relações de subordinação ou de contatos involuntários
como meramente fazer parte de uma mesma organização.
Quando surgia um problema, procurava-se a
solução mais rápida, assim a memória cognitiva dos funcionários não se
desenvolvia ao ponto de elaborar estratégias, e quando formava era superficial e
logo descartadas pelo cérebro ou tornada irrelevante, apenas conhecimento de
curto prazo. Assim a maioria das organizações faz ainda hoje, existem apenas
três “regras”: faça só isso, faça rápido, e faça calado. Forte não? Mas fica
tão mais aceitável quando apenas se delega tarefas repetitivas, a fim da
obtenção de metas e sem direito a tomadas de pequenas decisões. Não é mesmo?
Mas esse
tipo de estrutura não é novidade, conseguimos notar essas características do
modelo “A” de organizações proposta por Argyris, no qual propunha que uma
organização extremamente estruturada e com pouca intervenção ativa dos funcionários
os impossibilitavam a obter verdadeiro conhecimento organizacional.
Mas também há um contraposto ao modelo A, o
modelo B pode ser notado historicamente em organizações como a Toyota, que
preza o aprendizado de forma direta e continua, pois nessa forma de organização
há participação dos indivíduos de forma direta, afinal por justamente estarem
em contato com os processos operacionais e sabem exatamente como uma ou outra
decisão afeta as atividades da organização e o resultado proveniente delas.
Por proporcionar a integração em diversas
áreas em sistemas de rodízios e troca de informações entre elas, faz com que
cada um possa ter conhecimentos diversos, além de estimular um maior
aprendizado através de memória cumulativa visto que uma mesma pessoa não faz
sempre a mesma coisa, mas pode fazer várias atividades por variadas vezes. Ao
contrário do previsto não gera danos à estrutura organizacional, em vez disso,
a inova a fim de propiciar que qualquer funcionário seja capaz de discernir
como cada função importa para um resultado final e para que cada um possa
desenvolver novas funções caso necessário for.
Quanto à
resolução de danos no sistema produtivo ou em qualquer processo na organização,
em vez de apenas buscar a solução mais rápida, se estagna todas as funções a
fim de analisar minuciosamente cada fator envolvido no problema a fim de não só
encontrar uma solução eficiente, mas entender por completo como o problema
ocorreu. Por que isso ajudaria a aprender mais? Simples, quando se entende como
um problema se formou, compreende a melhor forma de resolvê-lo e como evitar
para que não venha a ocorrer novamente, o chamado aprendizado em longo prazo.
Pois podemos não saber necessariamente como nosso cérebro processou as
informações futuramente para decidir sobre um assunto, mas conseguimos guardar
de forma inconsciente todo o processo de análise feito de problemas anteriores
e isso torna as tomadas de decisão mais coerentes a aceitáveis para os
envolvidos.
Fica claro que no modelo “B” ou melhor, em uma
organização menos centralizada que lida com os funcionários de forma mais
participativa torna mais abrangente e construtivo o conhecimento adquirido
pelos funcionários. Identificar em qual dos modelos às organizações melhores se
encaixam não é difícil, mas se o seu objetivo é realmente aprender o máximo
possível nesse período em que estagiará, já comece aprendendo a tomar uma boa
decisão ao escolher a empresa de forma inteligente.
Autora: Cínthia
Cláudia de Almeida
É verdade, ao estagiar em muitas empresas, eles te colocam pra fazer de tudo, menos o que você realmente quer, que é aprender sobre a "sua área"
ResponderExcluirConcordo com você Daniela!! É necessário saber "onde está pisando". O estágio é uma parte importante, se for feito de uma forma produtiva. Boa reflexão Cínthia!
ExcluirO que temos no presente são empresas que querem " estagiários" para pagar um menor salário,mas que o o estagiário faça mais que o próprio funcionário da empresa,dificultando o aprendizado que poderia ser gerado naquela experiência.
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