Toda organização está inserida em uma sociedade, e toda sociedade é formada por organizações. A organização é uma entidade complexa onde há grupos sociais interagindo a todo tempo. Antes de Ludwig von Bertalanffy sistematizar e difundir a teoria dos sistemas abertos, estudiosos como Durkheim, Levi-Strauss entre outros, já trabalhavam com o pressuposto de que as organizações eram sistemas menores que se integram a sistemas maiores do qual dependiam. Para Durkheim, não é a parte (o indivíduo) que explica o todo, mas o todo que explica as partes. Os indivíduos e as organizações são entendidos a partir de leis sociais mais amplas. Era necessário se entender como funcionava a dinâmica estrutural, onde as organizações integram grupos maiores que foi de onde surgiu a Teoria Estruturalista. Devido a decadência da Teoria das Relações Humanas, seus principais autores focaram mais no ambiente interno e estrutural das organizações.
O Estruturalismo possui várias correntes, o que temos que entender é que o seu conceito de organização é variado. Cada uma tem o seu enfoque esclarecendo alguns aspectos das organizações e encobrindo outros. Não há uma correta, cada uma tem seus paradigmas e limites metodológicos, Entre as principais correntes estão: Estruturalismo Abstrato, Concreto, Fenomenológico e dialético.
O Estruturalismo Abstrato foi desenvolvido por Claude Levi-Strauss, que adota uma posição totalizadora, recusando o caráter individual do funcionalismo. A estrutura é uma construção abstrata de vários modelos para retratar a realidade empírica. Ela é voltada para a análise dos modelos tradicionais culturais que emergem das relações sociais. Vejamos bem, as relações sociais formam a realidade empírica, que não é relacionada com a estrutura organizacional em si, mas tem os modelos construídos em função dela. O Estruturalismo Concreto foi criado por Alfred Radcliffe-Brown e Georges Gurvitch, em que as relações sociais em um determinado período formariam estrutura a ser analisada e compreendida.
A estrutura é o que define o objeto “organização”.
No Estruturalismo Fenomenológico que tem em Max Weber (criador do conceito), a estrutura é o conjunto que tem um sentido e que tem na análise intelectual um ponto de apoio, mas ao mesmo tempo não é uma ideia, porque se forma, se altera ou se organiza diante de nós como um espetáculo. Tal tipo de estruturalismo não pretende retratar a realidade. Para Weber nenhum sistema conceitual pode reproduzir integralmente o real e nenhum conceito a diversidade de um fenômeno natural. Segundo Raymond Aron, compreender é aprender objetivamente a significação das intenções do outro a partir de suas condutas, é analisar as atitudes do outro para conhecer suas intenções. Segundo a visão Weberiana é o conjunto de atitudes dos atores sociais que interagem entre si constituindo significados compartilhados que formam a realidade. O Estruturalismo Dialético de Karl Marx é o conjunto formado por partes que ao longo do desenvolvimento do todo se descobrem, modificam, ganhando autonomia umas sobre as outras, integrando-se e mantendo a totalidade sem se unirem, mas mantendo a reciprocidade entre si.
Com a incompatibilidade entre Teoria Clássica da Administração e das Relações Humanas e o declínio desta última na década de 1950, surge a Teoria Estruturalista para ser uma síntese das duas. É o estudo da organização no sentido amplo e integral, levando em conta tantos os fatos internos como externos que influem e submetem a análise comparativa global, introduz as ciências sociais, inspirada na abordagem de Max Weber na teoria administrativa.
Houve estudo mais amplo por parte dos autores dos aspectos informais como podemos ver em estudos críticos sobre relação de dominação nas organizações, relações tais como a participação dos subordinados nas decisões e na divisão de poder, que muitas vezes é uma ilusão. Pensam que estão participando de reuniões “democráticas”, mas na verdade estão apenas acatando decisões previamente tomadas para criar este sentimento nos empregados de que estão sendo participativos nas decisões da empresa, quando na verdade lhes é delegada autoridade para decidirem assuntos totalmente indiferentes para a alta cúpula administrativa.
A adoção recente do nome “gestão de pessoas” para a antiga administração de recursos humanos é uma tentativa de ocultar as relações de poder encobrir o fato de muitos indivíduos continuarem sendo tratados como recursos para as organizações. Há tendência nas organizações de utilizarem ferramentas “neotayloristas” como a reengenharia (Downsizing), fazendo grandes demissões em massa para tentar diminuir os custos e assim aumentar a lucratividade. Um bom exemplo é o da gigante da aviação Boeing, que se “livrou” de aproximadamente 55.000 de empregados ao longo de 5 anos entre 1997 e 2002.
Formas de alienação como a padronização cultural das organizações, fruto da globalização cada vez mais crescente nos últimos anos, que é a pura caracterização da Teoria Geral dos Sistemas Abertos de von Bertallanfy onde ficou claro que após a Segunda Guerra Mundial, que os países eram interdependentes e a ação de um interferiria no equilíbrio de todos, agora então mais do que nunca com a globalização.
Segundo Michel Crozier, a organização é um sistema de jogos estruturados. As normas e estruturas organizacionais operam de modo indireto e não determinam o comportamento dos atores sociais mas induzem a jogos de poder e comportamentos. É opção dos atores sociais colaborar ou não, atendendo aos seus objetivos e interesses pessoais, buscando melhores condições de inserção no sistema. Todos nós estamos estamos inseridos em um contexto organizacional, antes mesmo de nascermos, no hospital, e depois de nossa morte no cemitério. Se pararmos para pensar neste exato momento com quantas organizações estamos em contato? Provavelmente, o número será bem grande! Desde as marcas da calça, camisa, tênis e meia que está vestindo. Se está sentado em uma cadeira ela foi produzida por alguma fábrica, a companhia elétrica que lhe fornece energia para estar com este computador ligado e ler este texto, a marca do computador e por aí afora. As organizações estão em todo lugar e tudo que fazemos está de algum modo ligado a alguma organização.
Autor: Heitor Cogo
Heitor, ficaram bem claras as definições dos três tipos de estruturalismo citados, sem a percepção e as diferenças das mesmas, seria bem vazia a compreensão e explicação das decisões planejadas pelas empresas e organizações de hoje em dia
ResponderExcluirBoa ilustração acerca do estruturalismo...Trouxe o contexto, e ainda complementou com as contribuições e pensamentos dos autores estruturalistas!!
ResponderExcluirEstruturalismo é um tema bastante complexo para mim. Após os conceitos apresentados no texto se tornou menos complexo. Mas fica a questão: uma visão estruturalista não acaba por ser prejudicial?
ResponderExcluirÉ interessante pensarmos em como está tudo conectado. Estamos totalmente inseridos nas organizações, mesmo que as vezes nem nos damos conta disso. Boa reflexão pessoal!!! Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirA explicação sobre a Teoria Estruturalista ficou bem clara, Excelente texto, muito boa escolha de tema.
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