quinta-feira, 24 de julho de 2014

O Lobo de Wall Street, análise do perfil de liderança

“(...) Escutem o que eu estou dizendo e escutem bem: a conta do seu cartão de crédito está atrasada? Bom, pegue o telefone e comece a discar! Seu senhorio está pronto para te despejar? Bom, pegue o telefone e comece a discar! Sua namorada acha que você é um inútil e perdedor? Bom, pegue o telefone e comece a discar! Eu quero que vocês lidem com seus problemas ficando ricos! Tudo o que tem que fazer hoje é pegar o telefone, falar as palavras que eu ensinei, e eu lhe farei mais rico que o mais poderoso CEO dos Estados Unidos da América! (...).           



Este é um trecho do discurso que Jordan Belfort faz aos empregados de sua empresa, tirado do filme “O Lobo” de Wall Street, baseado em sua autobiografia de mesmo nome. Jordan (interpretado por Leonardo DiCaprio) é um jovem corretor da bolsa de valores que sempre teve o sonho de ser rico. Aos 22 anos ele vai para Wall Street trabalhar na bolsa de valores. Após um mês de treinamento ele consegue se tornar um corretor licenciado, mas para o azar, em seu primeiro dia como corretor licenciado, o mercado sofreu sua pior queda desde 1929 e a empresa teve que fechar as portas.


Então ele vai para Long Island, onde começa a trabalhar com ações de empresas fora do pregão que não possuíam capital suficiente para serem comercializadas em grandes bolsas de valores. Tendo muito sucesso, abre a sua própria empresa chamada Stratton Oakmont com Donnie Azoff e velhos amigos. Belfort começa a treiná-los e foi capaz de criar uma abordagem de vendas absurdamente vencedora. Ele ensinou seus corretores a fechar negócios usando o script que ele mesmo criou para que pudessem alcançar a parte mais abastada da população, os 1% dos americanos mais ricos. Obtendo êxito, a empresa começa a crescer em um ritmo estrondoso, onde, no auge, chegam a ganhar torno de trinta milhões em comissões brutas para seus cerca de 150 corretores.

Os Strattonites, como eram conhecidos, tinham um perfil em sua maioria de jovens, que possuíam características descritas no modelo de David Mc Clelland em sua Teoria Contingencial sobre motivação. Era muito forte a necessidade de realização, de atingir um nível de excelência profissional ao qual se obtinha reconhecimento alheio, medindo seu progresso com base no atingimento de metas específicas de vendas, e consequentemente, de comissões e lutando com intensidade para alcançar tais objetivos. A necessidade de afiliação também era muito presente, que é o desejo de fazer parte de um grupo social que os acolha, no qual desenvolvem relações interpessoais. E eles não eram apenas colegas de trabalho, mas faziam parte de um grupo que compartilhava sonhos, ambições e desejos uns com os outros e com Belfort, que incorporava a figura do líder. E o último tipo de necessidade era o de poder, de tomar decisões, que tinham grandes impactos sobre todo o grupo, do qual se influenciava os indivíduos e controlava os recursos.

Os funcionários da Stratton Oakmont eram a todo o momento, incitados a satisfazerem as suas necessidades e desejos aplicados ao modelo da pirâmide de Abraham Maslow através do trabalho. Começando pelas mais básicas de sobrevivência e segurança (lower-order needs), como pagar o aluguel, as despesas de casa, escola dos filhos, plano de saúde da família, entre outros. Posteriormente, tratava-se das necessidades mais complexas (higher-order needs), como sociais (no caso inserção em grupos sociais dominantes), auto-estima, recompensas financeiras justas e também a auto-realização (que varia de pessoa para pessoa, mas, no caso do filme, espelhava-se na vida de Jordan Belfort).

Analisando o desenvolvimento do contexto do filme, encontramos traços da Teoria Y de Douglas Mc Gregor, baseada nos argumentos de Maslow, onde o gerente deve saber ouvir os seus subordinados, comunicar-se bem e ter habilidade na condução de relações interpessoais, diferente da Teoria X, onde são consideradas apenas as necessidades fisiológicas e de segurança. Também se encaixa na teoria da Administração por objetivos de Peter Drucker, onde cabe ao administrador dar ao indivíduo condições de atingir os seus objetivos pessoais. Criar estruturas organizacionais que possibilitem ao funcionário lutar pela satisfação de suas necessidades e ao mesmo tempo, contribuir para a realização dos objetivos da organização. 

A empresa de Belfort também se encaixa no modelo organizacional B, proposto por Chris Argyris, onde as estruturas organizacionais seriam adaptadas ás necessidades psicológicas e motivacionais dos indivíduos, aumentando assim a produtividade da organização e tendo maior envolvimento dos funcionários com seu trabalho. A Stratton Oakmont não era para pessoas acomodadas, que anseiam por estabilidade, sem a pressão por resultados até o dia de se aposentarem. Uma parte do discurso de Belfort ilustra isso: “(...) meus Strattonites altamente treinados, meus matadores... meus matadores que não aceitarão um “não” como resposta! Meus guerreiros! Que não desligarão o telefone, até que seu cliente compre ou morra!!!”

Mas a relação do Lobo de Wall Street com seus funcionários se estendia muito além do âmbito profissional. Festas estrondosas eram realizadas até mesmo dentro do escritório da Stratton Oakmont, onde acontecia absolutamente de tudo, os executivos xingavam, fumavam, bebiam, cheiravam, tinham relações sexuais com prostitutas, gastando quantias exorbitantes como quatrocentos e trinta mil dólares em um mês apenas com regalias. Era idolatrado a tal ponto que NINGUÉM, disse uma única palavra que delatasse suas atividades ilegais durante os inquéritos do FBI.

  Atualmente, tem se falado sobre um “apagão” de liderança, devido a presença de pessoas cada vez mais jovens ocupando tais postos, que às vezes falham no papel de delegar responsabilidades aos subordinados, promover o desenvolvimento dos profissionais e valorizar os seus resultados. Mas Jordan Belfort está aí para ensinar como ser um LÍDER, INCENTIVADOR e COMPANHEIRO que faz com que as pessoas se entreguem de corpo e alma a um negócio e assim alcançar resultados espetaculares para a empresa, para si mesmo e seus colaboradores. SIM, ESSE CARA EXISTIU MESMO, E MOSTROU QUE É POSSÍVEL REALIZAR TUDO ISTO!!


Autor: Heitor Cogo

13 comentários:

  1. Excelente texto, até me incentivou a ver o filme, gostei de saber que é possível realizar diversas funções e todas muito bem, a descrição do filme foi excelente. é necessário mesmo que tenhamos mais lideranças no contexto atual.

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  2. Curti muito o texto Heitor, assisti o filme, e a vontade de liderar e vencer demonstrada pelo protagonista é realmente um modelo a ser seguido..

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  3. Adorei o texto, bastante ousado! Realmente o Belfort, a despeito de suas escolhas sobre seu estilo de vida, era um líder na minha opinião!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Ser considerado excelente em liderança nao obrigatoriamente quer dizer que o lider tenha um codigo de moral impecavel, e sim a capacidade de motivar e conduzir seus companheiros a um objetivo comum, independente de certo ou errado! Ótimo texto Heitor!

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  6. Ae Gaúcho! belo texto em fera,já havia assistido ao filme e por lá realmente podemos vários exemplos de como liderar e o companheirismo nos leva ao sucesso.

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  7. Realmente um bom líder é aquele que entende que precisa motivar os seus comandados, além de dar ordens. Trabalho em equipe é fundamental... ótimo texto Heitor!!!

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  8. Parabéns Heitor, ótimo texto! Relacionou muito bem os conceitos aprendidos em sala com o filme. Realmente o Brasil precisa de muitos "Jordan Belfort's" para evoluir.

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  9. Tantas teorias... e quantos textos! Mas e a relação? De todos os textos que li, em todos os blogs, nenhum me ensinou tanto quanto esse. Eu assisti o filme e confesso que várias das questões apontadas pelo texto passaram despercebidas a mim. Para mim quanto mais Jordan Belfort's melhor!

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  10. Muito bom texto Heitor!!! Realmente essa relação que você fez com o filme facilitou nosso entendimento... Isso é pensar fora da caixa, parabéns!

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  11. Esse filme é o máximo! Muito legal o jeito que foi abordado no texto. Mostra que pra ser líder não necessariamente deve ser chefe! Parabéns!

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  12. Fiquei com vontade de assistir o filme agora! ser um líder e motivar seus funcionários o texto evidencia muito bem. Parabéns!

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  13. Já assisti este filme umas 10x e já tive o prazer de assistir uma palestra ministrada pelo próprio Jordan Belfort... sem palavras!
    Verdadeiro monstro no mundo dos business.

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