“Você não teve infância não?”
Quem nunca ouviu essa famosa frase, que
atire a primeira pedra! Ditos como esse e outros como: “Até parece que você não
teve infância”, são bem conhecidos pela população. Essas sentenças geralmente
são utilizadas para ironizar as pessoas que aproveitaram pouco tempo de sua
infância ou que até mesmo não conhecem, ou não conheceram brincadeiras e outras
ações que são tradicionais nessa fase da vida.
Mas a realidade é que muitas pessoas de
fato não aproveitaram sua infância. Brincadeiras e cantigas de rodas foram
substituídas por árduas horas de trabalho. A alegria e o prazer de ser criança
não existiram na vida de alguns indivíduos.
O trabalho infantil é definido como toda
forma de trabalho realizado por crianças e adolescentes que não tenham a idade
mínima para exercer tais tarefas. Por lei, essas práticas são proibidas, uma
vez que coloca em risco á vida das crianças.
A Constituição Federal de 1988 determina
que é dever da família, da sociedade e do estado garantir à criança e ao
adolescente o direito a vida, saúde, alimentação, educação, ao lazer, a
profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade, além de
poupá-los de toda forma de discriminação, violência, crueldade e exploração.
Apesar de a constituição ser bem clara e
específica, percebemos que, ainda nos dias de hoje a exploração da mão-de-obra
infantil está presente na sociedade, mesmo que de uma forma discreta. As
crianças, que deveriam estar na escola, recebendo educação para o futuro, estão
sendo escravizadas por uma mão de obra barata, tendo que se submeter a
condições precárias de trabalho. Devido a isso, uma fase que era para ser de
crescimento e desenvolvimento, acaba se tornando um período de grande
responsabilidade para a criança. Com isso, ela perde sua infância, adquire
prematuramente obrigações e de um modo geral se torna deficiente no que diz
respeito ao convívio social.
Sabemos que, as ações passadas refletem na
sociedade de hoje. Sendo assim, faremos uma breve viagem ao passado para
entendermos melhor sobre o trabalho infantil.
Antigamente, todos os cidadãos eram
obrigados a trabalhar, independente de sua cor, raça e idade. Na Roma e na Grécia Antiga, os filhos dos
escravos eram obrigados a trabalhar sem nenhuma remuneração, uma vez que eles
pertenciam aos seus senhores e deveriam servi-los. Com o surgimento das
corporações, o trabalho era repassado de pais para filhos, para que estes
continuassem a seguir o ofício paterno.
Na idade média, no contexto do feudalismo,
para garantir a sobrevivência as crianças trabalhavam nas mesmas proporções que
os adultos em troca de moradia e alimento. Logo após, temos as cidades
medievais, que eram formadas por artesãos, estes produziam variadas peças
artesanais e para isso contavam com a ajuda de aprendizes (que em maior parte
eram crianças), que os auxiliavam sem nenhum retorno financeiro, apenas para o
próprio aprendizado, até que adquirissem técnica.
Com o advento da revolução Industrial no
século XVIII, o trabalho infantil se agravou.
Sabemos que a revolução industrial
modificou totalmente o modo de vida das pessoas. Multidões saiam dos campos e
formavam aglomerados em volta das fábricas que iam se formando. Nessa fase, as
ferramentas de trabalho foram sendo substituídas pelas máquinas. Para
sobreviver na nova sociedade, às pessoas se submetiam ás vagas de emprego que
eram oferecidas pelas fábricas, sem terem liberdade de escolha, pois, devido ás
condições daquela época, os mesmos se viam obrigados a trabalhar para a própria
subsistência.
Devido a necessidade de ajudar
financeiramente, as crianças também iam para as fábricas. A exploração da mão
de obra infantil em atividades produtivas se intensificou. As formas de trabalho
eram nocivas e cruéis, elas trabalhavam de forma inadequada, em ambientes
inapropriados, sem higiene e que não ofereciam nenhum tipo de segurança, além
de operarem máquinas que poderiam ocasionar graves acidentes e consequentemente,
muitas mortes.
Nessa época, as crianças trabalhavam entre
12 e 16 horas por dia. Devido ao excesso de horas trabalhadas, algumas delas
caíam dentro das máquinas, uma vez que o sono era grande. Umas eram expostas a
produtos químicos tóxicos e outras ainda corriam o risco de serem esmagadas por
máquinas perigosas. Aquelas que trabalhavam em minas de carvão acabavam
morrendo por causa de ferimentos e explosões que ocorriam.
Foi dentro do movimento da administração científica
que esse quadro começou a ser modificado, pois, nesse contexto buscava-se
aumentar a produtividade e diminuir as percas nos processos. Sendo assim, ter
uma criança trabalhando na fábrica não era tão interessante, uma vez que os
prejuízos causados eram grandes e atrapalhavam o processo produtivo.
A partir do momento em que foram criadas
leis que visavam defender e proteger as crianças dessas formas de exploração, o
número de crianças trabalhando passou a diminuir. Até antes da lei das
fábricas, criada em 1833 na Inglaterra, com o objetivo de proibir o trabalho
infantil, a maioria dos trabalhadores de fábricas durante a revolução
industrial era composta por crianças. Depois de estabelecidas, as leis passaram
a vigorar. Nesse âmbito, foram adotadas algumas medidas como: a proibição do
trabalho noturno aos menores de 18 anos, o estabelecimento da carga horária de
trabalho de 12 horas diárias, criação de escolas dentro das fábricas para que
todas as crianças menores de 13 anos frequentassem e a idade mínima para
trabalho passou a ser de 9 anos.
Percebemos que, mesmo após ter se passado
anos e anos, ainda encontramos formas de exploração de trabalho infantil na
sociedade atual. No Brasil, podemos citar como exemplo o Nordeste. Essa região
é a que mais explora a mão de obra infantil no nosso país. Devido às baixas
condições financeiras desse local, cerca de 270 mil crianças são exploradas em
diversas atividades econômicas, visando o retorno financeiro para ajudar seus
familiares. Estas deixam de estudar para exercer funções que colocam a sua
saúde e sua vida em risco.
Mesmo existindo leis de proteção á criança,
ainda se têm registros de irregularidades e de empresas que desrespeitam a
essas leis. A Constituição Federal, em seu artigo 7º, inciso XXXIII considera
menor o trabalhador de 16 a 18 anos de idade. Segundo a legislação trabalhista
brasileira, é proibido o trabalho do menor de 18 anos em condições perigosas ou
insalubres. Ao menor de 16 anos de idade, é vedado qualquer trabalho, salvo na
condição de aprendiz.
Diante disso, cabe ao gestor, cumprir com
suas obrigações e seguir em dia com a lei. E ao estado fica a responsabilidade
de agir para que OS DIREITOS DAS CRIANÇAS SEJAM PLENAMENTE GARANTIDOS.
Para acessar reportagens sobre o assunto,
visite o site: http://reporterbrasil.org.br/trabalhoinfantil/reportagens/
Autoria: Bruna Kerolayne
Autoria: Bruna Kerolayne
gostei do texto, hoje em dia observamos a presença de menores no ambiente de trabalho, através de projetos como o Menor Aprendiz, que da oportunidades de crescimento e salários, sem que o menor seja explorado e pare de estudar por exemplo.
ResponderExcluirGostei muito do texto, retratou muito bem o que foi visto em sala de aula sobre a exploração do trabalho infantil. E foi importante sua ressalva de que ainda existe essa exploração nos dias atuais, e que nos como futuros gestores devemos ficar atentos aos diversos problemas da nossa sociedade. E tentar sana-los. Parabéns Bruna!
ResponderExcluirBizarro imaginar uma realidade em que crianças trabalhavam! O assunto foi muito bem retratado no texto, parabens pessoal!
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